domingo, 7 de agosto de 2011

Protocolos S1

Boa tarde. Já faz algum tempo desde que nos encontramos e é bom que seja dessa forma, pelo menos por enquanto. Vocês são relativamente novos nisso e pelo que me consta "Eles" não devem saber sobre vocês. Isso é um trunfo que não podemos desperdiçar até que tenhamos nos estruturado minimamente.

O motivo dessa reunião é que eu encontrei alguns documentos de Doissetep que vão auxiliá-los nesta nova empreitada. Trata-se dos Protocolos Sobrenaturais. Cada uma das "ameaças" listadas abaixo segue sempre com um nível de identificação de perigo, que se subdivide em Alfa, Beta e Ômega, e orientações sobre o que fazer no caso de um encontro.

É verdade que não somos uma Capela, ainda nem somos uma Cabala, mas ouçam o que digo: nós não sobreviveríamos sozinhos! Esta é a chance de reescrevermos a história! Eu não vou desistir.


Tecnocracia: Ameaça de nível Alfa, Beta e Ômega. Trace rotas de fuga. Uso de força letal autorizado. Notifique sua Capela quando possível e chame por reforços.


Nefandi: Ameaça de nível Beta. Notifique sua Capela, investigue e identifique o Labirinto. Uso de força letal autorizado se necessário.


Desauridos: Ameaça de nível Ômega. Observe, chame por reforços e neutralize a ameaça. Opte pelo banimento ou controle. Aproximação não recomendada. Uso de força letal autorizado se necessário por quaisquer meios possíveis.


Vampiros: Ameaça de nível Beta. Observe, evite o combate e não se deixe envolver. Erga campos mentais. Notifique sua Capela.


Lobisomens: Ameaça de nível Ômega. Respeite e se submeta. Trace rotas de fuga, chame por reforços Oradores. Uso de força letal autorizado por quaisquer meios possíveis em casos extremos. Notifique sua Capela.


Fantasmas: Ameaça de nível Alfa. Respeite e notifique sua Capela. Observe e investigue.


Fadas: Ameaça de nível Alfa. Respeite e notifique sua Capela. Evite contato direto. Uso de força letal não autorizado.


Manifestações Anômalas: Notifique sua Capela. Recomenda-se cautela na observação. Evite qualquer contato direto e aguarde por instruções. Uso de força letal não autorizado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Não estamos sós

Augusto Lorenzo


Ainda bem que não precisei dizer todas aquelas coisas sobre sermos seres sobrenaturais, sobre fadas existirem, etc etc. Esse blá blá blá nunca foi meu forte e conforme eu atendia uma turma de novatos durante os conselhos, era natural que uns cinco ou seis saíssem correndo.
Que bom que essa fase já passou.

Bem, existe algo que vocês precisam saber. Eu conheci esse Carlos Henrique e andei revisitando minhas memórias. O cara era um assassino profissional. Entendia muito de leis e foi investigador particular, mas acho que era fachada, só pra ele poder apagar o rastro de sangue que deixava pelo caminho. Então eu não sei se poderemos levar a sério tudo o que encontramos no diário.

A coisa boa é que contamos com um oráculo. Achei que nunca mais veria um. Dizem que a Tecnocracia, durante a Guerra, obteve informações de dentro do Doissetep sobre os oráculos e exterminou todos! Vai ver este aqui ainda não havia sido catalogado. Muito bom.

Crianças, sei que o diário de Carlos deve conter informações muito valiosas e que se ele estivesse vivo seria perfeito para nós, ele seria um peso pesado. Mas existe um outro lugar de onde vcs podem coletar informações. Chama-se Libris Mortis. Um bar. Uma zona neutra para qualquer ser sobrenatural. Lá, todos são bem vindos e nenhuma violência é permitida, é um santuário conclamado. Dizem que o dono do lugar é um vampiro bastante antigo que se beneficia das informações que por lá passam. Mas cuidado. Nunca peçam o drink da casa, o Mortis.

sábado, 16 de julho de 2011

Através das sombras do vale da morte

"Ainda não me acostumei muito bem. Todas as vezes sinto frio, posso tocar a umidade do ar. Ouço vozes e alguns eventuais calafrios me percorrem o corpo... Já estive nos domínios de Hades e com sua permissão obtive a confissão de um condenado. Acha que estou brincando?"

Diário de Carlos Henrique


Outra das dimensões que lhe falei chama-se Umbra. Em outras palavras é onde tudo está imerso. Não será fácil compreender isso, mas a Umbra é o Cosmos em sua profunda existência, conectando dimensões, planetas, universos, zonas, mundos espirituais, domínios, reinos... Sim, mundos espirituais, existem alguns. Cada crença o conduzirá para um lugar diferente, é isso que chamamos de reinos, mas não se prenda aos conceitos, eles virãom para você com o tempo.

A grande Umbra se subdivide em duas camadas: Umbra Rasa e Profunda. Para se chegar à Umbra existe a Película, ou Barreira, que separa o mundo dos espíritos do mundo da forma física. Uma vez na Umbra, não existe mais direção e sim intenção. Na Umbra Rasa é que se encontram os inúmeros Reinos, Zonas e Domínios dos quais lhe falei. Em seguida, temos a Umbra Profunda que é protegida pelo Horizonte, ou Membrana. Nesta Umbra, o acesso é infinito é como o lado exterior do mundo espiritual, porém o perigo ali é enorme. Foi nela que a Grande Guerra da Ascensão (GA) transcorreu. Foi nela que a pira da esperança se tornou apenas uma chama opaca num pavio frágil graças à ignorância tecnocrata. Bem, a Umbra Rasa ainda possui subdivisões, mas não vou me estender muito porque o tema é complexo e somente estando na Umbra para entender o que de fato ela é ou representa.

Importa contudo que você entenda de uma vez por todas: perdemos a GA. Nossas grandes Capelas caíram. Doissetep caiu. Não estamos mais sendo regidos por um Conselho. Grande parte dos Oráculos ou foi morta ou foi banida do mundo da forma física para a Umbra Profunda na ocasião da GA. Profecias antigas se cumpriram. A Película está mais perigosa graças à fragmentação de muitos Avatares no Horizonte e a travessia tornou-se perigosa até mesmo para magos mais experientes.

Agora olhe para aquele ponto vermelho no céu, consegue vê-lo? A Estrela Vermelha surgiu quando a derrota nos abateu. Ela pode ser vista sempre no mesmo ponto aqui ou dentro da Umbra. Dizem que a Estrela é na verdade o olho de um Lorde Nefandus cujo nome não deve nunca ser pronunciado. Dizem que na Umbra Profunda é impossível olhar diretamente para ela, que brilha como um sol, mas não transmite calor algum, pelo contrário, drena luz e calor, como um buraco negro.

Entende agora no que está se metendo?

O salto

"Estamos em 2001. Sinceramente ainda não consigo compreender o que houve ontem. Fomos traídos! Talvez seja a realidade nos punindo de uma forma mais indireta... Quem sabe o que Doissetep está vivenciando hoje não ficaria surpreso com tudo isso... Eu preciso ver o Oráculo ainda hoje. Mas não posso contar com Erick, ele está cada vez mais mergulhado no silêncio e estou há 50 mil quilômetros de casa. Quem sabe se eu alcançar aquela base... Está na hora de ir, o café já está frio e tenho certeza que os capangas do meu irmão Lomax estão no meu rastro. Precisarei de sorte."


Diário de Carlos Henrique

Existem diversas dimensões paralelas à esta em que você pensa viver. Você mal sabe que vive em todas as outras ao mesmo tempo sem se dar conta, e, muito provavelmente para cada uma delas existe uma versão sua, mais ou menos arrojada de acordo com sua essência. Não importa. O que você precisa saber é que uma dessas dimensões, em especial, está em constante contato conosco e é o quintal de um de nossos principais inimigos: a Teia Digital.

Esta dimensão é versão digitalizada de tudo o que existe. Todos nós, dentro dela, estamos representados por dados que correspondem a um vetor de processamento, mas não precisamos ir tão profundamente no assunto. Por que estamos em constante contato com ela? Simples. Cada celular, computador, qualquer aparelho eletrônico que possibilite uma transmissão de dados consistente é uma porta de entrada para a rede. Entretanto, tentar o salto ou o mergulho, é uma opção um tanto perigosa. Os aparelhos de realidade virtual que permitem ao homem um profundo mergulho na rede para nós não são nada. Certo, tem razão. Algumas vezes nos ajudam bastante especialmente com magos menos experientes, mas o que importa é que estamos muito além disso. Uma vez dentro da Rede podemos nos deslocar para qualquer lugar na Terra em segundos. Em contra-partida podemos ser facilmente rastreados pelos agentes tecnocratas e seus firewalls.

Lembre-se, a Rede é um reflexo distorcido e "melhorado" de nossa sociedade aos olhos da Tecnocracia. Somente magos capacitados podem se aventurar por lá. Um dia ela será ainda mais interativa, e cada vez mais o Panóptico do Poder do qual tanto fala Michel Foucault irá se consolidar. Controlar a realidade, torna-la ainda mais previsível e ordeira é o objetivo da Tecnocracia e eles já estão tentando familiarizar os adormecidos com ela através do cinema com filmes como Matrix e Tron.

Não se esqueça. Tenha cuidado.

A Realidade

"Muita coisa aconteceu desde então. Eu que nunca tinha tido muito posicionamento sobre tudo, tomei pra mim uma causa completamente nova, e lutei por ela desafiando todas as probabilidades. Mas eu tenho sorte."

Diário de Carlos Henrique



A realidade não é apenas o conjunto de informações lançadas ao senso comum. Longe disso. Existem pequenos espaços, verdadeiras fragmentos metafísicos em que as linhas que formulam nossa dimensão vão se curvando, dobrando, fluindo. Nós mesmos não chegaremos a ter uma noção real do que é exatamente a realidade, mas sua vaga definição pode ser discutida e relativizada.

Para tanto, uma jornada de descoberta não deverá jamais ignorar os agentes que promovem a manutenção do sistema, ou mais que isso, que modelam o sistema para os favorecer e privar os demais do direito de saber o que existe por detrás das cortinas da sala negra da ignorância.

A Tecnocracia está em toda parte. Tudo isso para garantir a ordem que eles desejam impor a todos. Eles sabem de nossa existência. Muitas vezes fingem nos ignorar, mas no fundo estão nos rastreando, buscando a forma mais precisa de eliminar a distorção. Para isso, instalam-se principlmente nos deparamentos jurídicos, departamentos policiais, noticiários, governo. Pontos estratégicos de dominação e controle.

Estamos em 2011. Se parássemos para analisar a história da humanidade, notaríamos que o salto tecnológico que sofremos em tão pouco tempo é inexplicável. Que o projeto de humanidade arquitetado anteriormente não conseguiria jamais acompanhar este desenvolvimento. Pegue uma senhora de 90 anos de Idaho e realize em sua frente uma chamada móvel de vídeo com seu iPhone. Ela refletirá exatamente o que quero dizer. Alguns especulam que a Tecnocracia descobriu uma fonte de tecnologia alienígena e que a partir dela muito do que conhecemos hoje foi desenvolvido. Porém poucos consideram que a mágika canalizada por meios não naturais se chama tecnomágika. Ela poderia simplesmente justificar todos os aparatos que eles hoje nos impõem.

Qualquer que seja a fonte desta loucura, tecnomágika ou alienígena, é nosso dever desvelar tudo isso demonstrando o quanto somos capazes de superar essas necessidades mundanas.

Welcome to my World

"Já faz tempo que não me sento para escrever sobre o que aconteceu em minha vida, ou melhor, o que eu vi mudar neste mundo. Me chamo Carlos Henrique e este é um tipo de diário pautado em minha própria loucura. Quando abri os olhos na virada do ano de 1999 para 2000, em Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil, nada mais parecia ser o que era. Os boatos diziam que os computadores entrariam em colapso. Que um cataclisma poderia se abater sobre a Terra destruindo tudo. No fundo eu sabia que alguma daquelas previsões poderia acontecer, só não entendia ainda o modo com o qual ela se manifestaria. Sim, eu despertei. Não me importa se você está compreendendo o que digo agora. Eu senti a terra tremer. Vi fendas se abrindo ao longo do calçamento e da areia da praia. Lava vulcânica brotando do chão enquanto criaturas invisíveis se alimentavam de pessoas vivas. Vi meu irmão ser tragado pela escuridão de um beco sem saída e nunca mais voltar. Tudo isso foi real. Posso garantir. O Despertar exige dor e sofrimento, é o preço a se pagar. Eu assumi os riscos."

Diário de Carlos Henrique




New York ou Nova Iorque. Uma das maiores cidades do mundo. Outro reflexo do que a humanidade projetou para si mesma.

Carros, motocicletas, pessoas. Velocidade. Modernidade. Poluição e dinheiro. Todas essas palavras ajudam a definir o que a cidade significa hoje. Exemplo de prosperidade e modelo de vida, a Cidade de NY oferece todo tipo de atrativos para que qualquer pessoa no mundo deseje morar lá. Lazer, oportunidades, moradia, o sonho americano manifesto em um só lugar. No entanto, para garantir que esta utopia, o Governo Norte-americano tem gasto uma boa quantidade de recursos. Atualmente, não só os principais prédios históricos e culturais, mas as principais ruas da cidade estão sendo monitoradas por câmeras de longo alcance posicionadas em lugares estratégicos para evitar todo tipo de infortúnio, desde assaltos a vandalismo.

Além disso, o Governo adquiriu dois dirigíveis que se revezam no patrulhamento da cidade dia e noite. As aeronaves funcionam como posto avançado de comunicação da polícia local.

Porém, esta nova estrutura possui uma razão: o crime organizado.

Segundo fontes seguras, o crime organizado, que há tempos havia sido dado como exterminado, tomou fôlego com a devastação econômica causada pela crise Européia. Homens que um dia trabalharam para grupos de banqueiros e grandes conglomerados se rebelaram e acabaram ressuscitando o submundo de NY. Com a crise, as portas ficaram abertas para entorpecentes e sua cadeia de influência se ampliou. Em poucos meses o crime organizado havia tomado pra si toda zona portuária e a periferia da cidade.

Hoje, o Governo está investindo cada vez mais em pessoal e treinamento especializado para neutralizar o problema.